segunda-feira, 31 de maio de 2010

O I Encontro das Terras Camilianas assinala amanhã os 120 anos da morte do autor de 'A Queda de Um Anjo'


Os 120 anos da morte do escritor Camilo Castelo Branco, que se assinalam amanhã, vão ser comemorados na sua Casa-Museu, em S. Miguel de Seide (Vila Nova de Famalicão), com o I Encontro das Terras Camilianas, que pretende debater e explorar factos da vida e da obra do grande autor de Amor de Perdição e A Queda de um Anjo.
Fafe, Póvoa de Lanhoso, Póvoa de Varzim, Ribeira de Pena, Viana do Castelo, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Vila Real, Viseu e Vila Nova de Famalicão são os municípios que vão participar no primeiro Encontro das Terras Camilianas.
Em comum têm precisamente Camilo Castelo Branco. Detentores de acervos camilianos ou estando de algum modo ligados a aspectos da vida e obra do escritor, os 11 municípios fundaram, em 2004, a Associação das Terras Camilianas, com o objectivo de contribuir para um melhor aproveitamento e mais qualificado tratamento do património literário e biográfico do escritor.
"A vida e a obra em Camilo Castelo Branco são dois aspectos que se relacionam constantemente, sendo muito difícil estudar um sem conhecer o outro", salienta a propósito o presidente da autarquia famalicense, Armindo Costa. Daí que, segundo o autarca, "a melhor forma de homenagear Camilo Castelo Branco é dar a conhecer a sua vida, as suas memórias, as terras onde viveu e os locais que visitou e que eternizou na sua obra".
O programa do I Encontro das Terras Camilianas congrega uma série de iniciativas que percorrem parte da atribulada vida de Camilo Castelo Branco, desde que vai viver para Vila Real aos 10 anos de idade até à sua morte, por suicídio, em S. Miguel de Seide, no dia 1 de Junho de 1890.

In DN

Uma Vida D'Escrita: Vergílio Ferreira


Feira das Ciências e das Profissões III





Feira das Ciências e das Profissões II





Feira das Ciências e das Profissões

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Uma Vida D'Escrita: José Saramago


World Languages

"Sempre quis estar perto das palavras"


"Os Íntimos", o novo romance de Inês Pedrosa, é uma incursão da autora pelo universo masculino a partir das histórias pessoais de cinco personagens muito diferentes entre si, mas, curiosamente, unidas pela amizade

Fez pesquisa literária sobre assuntos masculinos, ouviu conversas, falou com amigos e apontou frases que ouvia nos caderninhos de que nunca se separa. Para escrever o seu novo livro, "Os Íntimos", Inês Pedrosa fez aquilo a que chama "uma investigação militante". E depois assumiu o risco calculado de descrições de sexo e de experimentar uma linguagem mais crua.

Terminada a obra a autora admite ter ficado "mais apaziguada com certas atitudes masculinas que tinha dificuldade em entender". A também directora da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, diz que, para ela, escrever é o mais importante. "Sempre quis estar perto das palavras, por isso escolhi ser jornalista". E confessa ter um sonho: o de dormir uma noite no quarto de Fernando Pessoa.

Como surgiu a ideia de escrever um livro que tem homens como protagonistas?

Apercebi-me que há uma indulgência e uma tolerância muito maior entre os homens. É disso que o livro trata. Os cinco personagens são diferentes uns dos outros, e isso, aliado ao facto de se entenderem bem, é curioso e frequente. É menos habitual nas mulheres haver amizades tão próximas entre interesses diferentes. Comecei a achar curioso analisar como é que, depois de tantas lutas de emancipação, e tantas leis de igualdade, há universos que continuam separados. Por isso interessou-me especificamente para este livro um universo que é diferente do meu.

Fez muita investigação sobre o assunto?

A ideia inicial para este romance partiu de uma conversa com um amigo meu. Descobri que entre os homens há amizades incompreensíveis que se reatavam mesmo depois de grandes ofensas.

Do seu ponto de vista o que os leva a darem-se bem mesmo nos casos em que têm interesses diferentes?

Uma das razões é que eles não são frontais. A cultura da frontalidade não é nada masculina. As mulheres são muito mais confrontacionais e francas.

Neste romance optou pela fragamentação do texto e por uma polifonia de vozes. Porquê?

O nosso mundo hoje em dia é sobretudo estereofónico. Acho que a fragmentação é uma característica importante para dar conta para o futuro do que é a vida contemporânea. Mas, cada vez mais, deixo que as coisas se construam por si. Tenho muito dificuldade em fazer romances na terceira pessoa. Pessoalmente, acho mais interessante encarnar as vozes e deixar-me levar por elas.

Foi difícil para si escrever a partir de personagens masculinas?

Não. Achei que me sentiria mais à vontade para escrever sobre sexo e coisas mais brutais, se encarnasse em personagens masculinos. Assim foi mais fácil rasgar a língua .

Descrever cenas de sexo foi um risco calculado?

Sim. Nos nossos dias, o sexo é um tema importante . Mas, muitas vezes, é tratado de uma forma frívola. É muito mais fácil as pessoas caírem nos braços uma da outra e terem sexo, do que terem intimidade.

Depois de escrever "Os Íntimos" ficou a conhecer melhor os homens?

Direi antes que fiquei mais apaziguada com certas atitudes. Mas não encontrei respostas definitivas.

Que lugar é que a escrita ocupa na sua vida?

Um lugar fundamental. Aliás, foi por isso mesmo que, há dois anos, tive muitas dúvidas em aceitar dirigir a Casa Fernando Pessoa. Acabei por escolher o jornalismo para arranjar um modo de vida que me permitisse trabalhar perto das palavras.

O que gostaria de mudar na Casa Fernando Pessoa ?

Gostaria que ela tivesse uma gestão autónoma . Os estatutos estão prontos mas o assunto ainda não foi levado a reunião de Câmara. Mas há algo que já posso concretizar. Brevemente vamos lançar uma nova revista, chamada "Pessoa".

E tem algum desejo pessoal relacionado com este espaço?

Tenho o sonho de dormir no quarto do Pessoa. É a única divisão da casa que está tal e qual como no tempo do seu ocupante. Quando tiver medo de que não baixe sobre mim mais inspiração, deito-me ali. Já que ele diz que escreveu, numa cómoda que lá está, o "Guardador de Rebanhos" numa só noite.Pode ser que me aconteça também algo assim...

Ana Vitória, JN

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco


Sérgio Guimarães de Sousa e José Cândido de Oliveira Martins organizaram o livro de ensaios intitulado Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco, Opera Omnia, 2010 (269 págs.).

Trata-se de um conjunto de estudos críticos, da autoria de investigadores de várias universidades (de Portugal, Espanha e Brasil). Procurando ler Camilo a partir de renovadoras orientações temáticas e críticas, estes ensaios centram-se na importante questão do desejo, que atravessa o universo ficcional camiliano.

Da introdução do livro: “A ficção camiliana, muito assente no conflito entre a paixão e a razão, tem como ponto nevrálgico, por assim dizer, o desejo. As novelas de Camilo oferecem, deste modo, um amplo campo de estudo extremamente fértil para abordar esta questão nas suas múltiplas perspectivas e implicações. Não deixa, por isso, de ser um tanto curioso constatar que a bibliografia passiva de Camilo, mesmo a mais recente, carece de estudos especificamente focados sobre o desejo. Ao reunir, nesta colectânea, textos de um conjunto de investigadores, que aceitaram prontamente o desafio de reler Camilo na óptica do desejo, quisemos colmatar esta lacuna.”

Para maior informação sobre o conteúdo, particulariza-se o índice desta obra:

– Introdução (Sérgio Guimarães de Sousa e José Cândido de Oliveira Martins)

– Lembrando José Carlos Barcellos (Sérgio Nazar David)

– Desejo, concupiscência e estabilidade social: os Vulcões de lama humanos e os ilusórios remédios divinos (Elias J. Torres Feijó)

– Retórica contida do desejo em Doze Casamentos Felizes de Camilo Castelo Branco (José Cândido de Oliveira Martins)

– Masculinidade e modernidade em Camilo Castelo Branco (José Carlos Barcellos)

– Camilo: limites do desejo no mundo do capital (Paulo Motta Oliveira)

– “Amar até doer” – O desejo do amor e a perdição dos desejos (Rosário Luppi Belo)

– Coisas da terra e do céu – Amor, desejo e humor na ficção camiliana (Serafina Martins)

– Desejo mimético n’O santo da montanha (Sérgio Guimarães de Sousa)

– O século de Silvestre da Silva (Sérgio Nazar David).

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sugestão para o fim de semana


O título foi “roubado” à canção da brasileira Adriana Calcanhotto. A história foi “roubada” a uma comunidade de actores de teatro que em tempos terá habitado a Academia de Santo Amaro, em Lisboa. Belos furtos estes. Alice Vieira, no registo que lhe é mais natural (o de romance juvenil), conta a história de uma menina que passou a infância entre o palco, os ensaios e as personagens vivas de uma companhia de teatro. Mas teve ser “salva” desse ambiente por duas assistentes sociais. Afinal, aquelas pessoas estranhas punham Branca-a-Brava (o seu nome, de uma personagem de Gil Vicente) a dormir num quarto onde havia um cartaz que dizia “Maldita Cocaína”. Mais, deixavam as tesouras (para costurar os figurinos e recortar estrelas como adereços) ao alcance da criança. Mas Branca há-de crescer. E voltar a casa.

Meia Hora para Mudar a Minha Vida
Autor Alice Vieira
Editor Caminho
156 págs., €9,90

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP

Festeja-se esta quarta-feira, 5, o dia da Língua Portuguesa, integrado na Semana da CPLP, que decorre em Lisboa até dia 9 de Maio, com especial destaque para a presença do Presidente português, Aníbal Cavaco Silva e do espectáculo da actriz Maria do Céu Guerra, na língua de Camões. O Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, vai visitar a Escola Secundária Eça de Queirós no dia 5 de Maio, nos Olivais Sul, Lisboa, por ocasião do “Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP”, sendo este o primeiro ano em que se comemora a data. O dia 5 de Maio foi fixado como a data em que é anualmente comemorada a Língua Portuguesa e a Cultura pelos países da CPLP.
Este consenso foi uma decisão saída do XIV Conselho de Ministros da CPLP, realizado em Junho de 2009, em Cabo Verde. A visita inicia-se às 10h30, sendo Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa acompanhado pelo Secretário Executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, e pelos embaixadores e representantes dos Estados-membros da CPLP.

Uma Vida d'Escrita: Mário de Carvalho


Mário de Carvalho: "Um escritor é um criador de leitores"


"A arte de morrer longe", o mais recente livro de Mário de Carvalho, é uma sátira conjugal bem humorada,na qual, a pretexto do destino a dar a uma tartaruga, se vão entrelaçando histórias e múltiplas personagens

Em cada livro que Mário de Carvalho publica há sempre uma desconstrução dos paradigmas literários e uma preocupação com o culto estilístico da língua.
E o mesmo acontece com o recém- -editado "A arte de morrer longe", a que o autor voltou a chamar de "cronovelema". Diz Mário de Carvalho que "um escritor deve ser um criador de leitores e, como tal, também neste romance prestou homenagem "a todas as escolas literárias impositivas, proibitivas e injuntivas". Nesta sátira, há um casal jovem desavindo, que caminha para o divórcio sem ter muito bem a certeza de o desejar. Talvez por isso se agarrem ao destino a dar a uma tartaruga que, nas partilhas, nenhum deles quer.
Esta é uma história muito próxima da realidade?
Sim. Tem muito a ver com o nosso tempo. Com estes anos que estamos a atravessar. Tudo isto é retratado através de duas personagens principais - um jovem casal que está desavindo e que considera a hipóese de se divorciar. Mas, no fundo, eles gostam muito um do outro e acabam por protelar sucessivamente essa separação. E um dos pretextos que encontram é a partilha de um certo animal doméstico que têm lá em casa.
Qual a razão que o levou a escolher uma tartaruga?
É algo que tem a ver com o ofício de escritor. Não quis encontrar um animal que fosse uma personagem muito presente, que eu tivesse de construir e fazer interagir com os restantes. Por outro lado, o facto de ser um animal que está enclausurado nas quatro paredes de acrílico remete-nos para certa circunstância da condição humana. Aliás, essa metáfora é lá apontada.
Mas não é a única.
Há duas metáforas que dominam o livro. A primeira é a da ferocidade que acaba por estar debaixo de uma calma aparente. Debaixo dessa pacatez, há seres que se entredevoram. O livro assim começa, o livro assim acaba. Por outro lado, também há nexos de casualidade, o desfechar de consequências que nos escapam completamente.
Como lhe surgiu a ideia para a história?
Este livro aparece nos interstícios de outras coisas. É como aquelas flores que, de repente, brotam onde menos se espera. Eu estava a escrever, talvez umas coisas mais sombrias, e, de repente, foram aparecendo as metáforas e as coisas começaram a tomar forma.
Em que consiste o cronovelema, esse género literário que inventou?
O cronovelema recupera todos esses processos literários que não são novos. Já eram usados por alguma literatura dos séculos XVIII e XIX. Ou seja, não rejeita nenhum dos recursos nem dos mecanismos literários inventados até agora. O que é, de certo modo, a assunção de uma literatura livre, quer de escolas quer de preconceitos quer de imposições quer de proibições.
Há alguma obra sua que seja marcante desse tipo de libertação?
Creio que prestei homenagem a todas essas escolas no meu livro "O grande livro de Tebas navio e Mariana". Depois, a partir daí, senti-me livre para fazer exactamente o que me apetecia, sem me permitir rejeitar nenhum dos mecanismos literários.
No livro, faz muitas referências a Eça de Queirós, um dos seus autores favoritos.
Era bom que os meus leitores fossem no encalce do Eça. Um escritor, em princípio, é um criador de leitores e de leitura. Amplifica a capacidade de leitura. Foi isso que me aconteceu e é isso que espero que aconteça com os meus leitores também.
Percebe-se que tem uma grande preocupação com a língua. Preocupa-o o empobrecimento do Português?
Muitas vezes, quando agarramos alguns dos livros agora editados, temos a sensação de ler coisas já muito requentadas e assentes numa pobreza linguística confrangedora. Nós, que já demos escritores como Eça, Aquilino, Cardoso Pires!....
Faz muita revisão do que escreve?
Sem dúvida. Tenho alguma facilidade de escrever e isso é prejudicial. Compenso esta rapidez, que vem cheia de repetições ou, até, de reincidências, controlando e revendo muitas vezes cada palavra e cada traço. De tal modo que, praticamente, não sou capaz de me ler depois de estar o livro escrito.

ANA VITÓRIA - JN

domingo, 2 de maio de 2010

Dia da Mãe

A Mais antiga comemoração do Dia da Mãe remonta à Grécia Antiga, relacionada com a chegada da Primavera, festejada em honra de Rhea, a mãe dos deuses.
Mas foi ana Jarvis, uma americana do Estado da Virgínia Ocidental que a partir de 1905, quando perdeu a Mãe, iniciou uma campanha para instituir o Dia da Mãe.Em 26 de Abril de 1910 aconteceu a primeira celebração oficial.
Entre nós, durante muitos anos, o Dia da Mãe era comemorado a 8 de Dezembro, Festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Actualmente, a celebração faz-se no primeiro domingo de Maio.